Quando a Pixar foi feminista (sem ser panfletária)

Recentemente foi dia internacional da mulher, então usemos isso como gancho. 

Antes de tudo, que fique claro que o feminismo é a luta pela igualdade entre homens e mulheres (não a superioridade de um ou outro), e "panfletário" quer dizer algo feito com a pura intenção de ser propaganda, e nada mais. Explicado isso, acho que já deu pra ter uma ideia do resto do post...

Como eu já mencionei antes, todo mundo já sabe há séculos como a princesa Merida foi importante para a representação da mulher nas animações, e um divisor de águas tanto entre as princesas Disney, mas também para a Pixar: ela não só é a primeira protagonista feminina da franquia como também foi a primeira princesa sem terminar com um par romântico. No entanto, nossa arqueira ruiva favorita não é onde o Luxo Jr. para se tratando de feminismo.

Vejam, esse não é mais um post sobre garotas muito menos sobre militância, mas sobre momentos, ainda que sutis, em que a Pixar passou mensagens incríveis sobre- e para as mulheres.

Por Mylena Pessoa

Talvez a primeira coisa na cabeça de muito fã quando se fala “Pixar” e “Poder feminino”, seja essa cena:

Colette nem é protagonista, e Ratatouille nem dá lição de moral sobre machismo. A cozinheira não é tratada diferente em momento algum por ser uma mulher, apenas realça, nessa fala épica, que a cozinha gourmet é um espaço dominado por homens, mas que isso não é obstáculo para ela. 

O filme não se passa nos dias de hoje (só observar os carros e as televisões) mas numa época em que mulheres tinha ainda menos espaço profissional. Mesmo assim, Colette mostra a que veio se tornando uma das melhores e mais respeitadas em sua área.

Dois meses e eu ainda não me recuperei totalmente de Coco.  Não sei por onde começo pra falar do Girl Power, mas mencionar a estrutura matriarcal, que foge um pouco do padrão da cultura ocidental é uma boa. 

Disney Wiki

Helena, a abuelita de Miguel além de ser uma mulher poderosa que administra uma família e um negócio, conseguindo ser tão rígida quanto amorzinho, ainda é um exemplo incrível de representação etária, sendo uma das personagens idosas mais legais da Disney até agora.

"Eu tenho basicamente dois humores..."

E então tem ela...

ainda arrepia meus cabelo da nuca (Disney Wiki)

Amelia Rivera, também conhecida como Imelda, na versão original, ou Dona da Vida (e da pós vida também, né) para fãs como eu. Uma personagem extremamente bem construída, com profundidade emocional e um crescimento que é um exemplo. Ela mostra que, além de ser possível passar por cima das adversidades, também não tem problema estar errada, deixar o orgulho de lado e mudar de ideia em algum momento, mesmo se tratando de algo grande.

Não vamos começar a falar de Os Incríveis com suas personagens principais, mas sim DELA:

Edna Mode é rica, estilosa, talentosa e cheia das alfinetadas (em ambos os sentidos). Além de que mora numa mansão ma-ra-vi-lho-sa.  

e bem Niemeyer...

Jamais esqueceremos suas incríveis frases de efeito:

Mas se a estilista dos heróis é um ícone de atitude, essa conversa entre Helena e Violeta é um exemplo lindo de cooperação entre as mulheres:

Se isso ainda não bastasse, os incríveis conta com um fator que ainda é pouco, ou nada explorado nas animações Disney: como uma mulher lida com uma relacionamento abusivo

as definições de boy lixo foram atualizadas.

Não sabemos até onde vai a relação de Síndrome e Mirage, mas fica bem óbvio o quanto ele é psicopata na cena em que ele fica de boa quando o Sr. Incrivel ameaça acabar com ela (e ainda fica de gracinha depois, babaca!) Se isso não é abuso e opressão, me digam o que é. 

Com isso, Mirage se toca de que está do lado errado e até colabora para a derrota do vilão. O que me deixa extremamente curiosa por saber que fim terá levado ela?

serenidade no olhar de quem se livrou do boy lixo

E aí vem o que, na minha opinião, é uma revolução se tratando de representação feminina

Carros 3.

Não é pela corredora mulher. Não é por uma garota ser a mentora do McQueen. Nem pela Maria Busão ser uma chutadora de para-choques (mas ela arrasa, diga aí).

pensando bem, dá é medo

Apesar de todos esses fatores contribuírem sim, como exemplos de personagens femininas empoderadas, o feminismo em Carros 3 pra mim vem por causa da NATURALIDADE.

EU DISSE NATURAL! AGE NATURALMENTE CRUZINHA!

Ninguém diz uma vírgula pro fato da Cruz Ramirez ser mulher. Isso jamais é um empecilho para a carreira ou o destino dela, tanto que, imagine, se fosse um personagem homem não faria diferença nenhuma na trajetória (que é mais ou menos o que acontece com Moana). Isso foi uma das coisas que mais amei no filme.

Poderosa.

Carros 3 traz o que o feminismo mais busca: igualdade. Sem discriminação ou tratamento especial por gênero. Apenas pessoas (ou no caso, carros) correndo atrás de um objetivo e o atingindo por seu esforço e competência, e nada além disso. E não é assim que a vida deve ser?